Mobilidade Urbana

O que é isso

“O conceito de MOBILIDADE URBANA sustenta que as políticas públicas de transporte, trânsito e de uso e ocupação do solo devem ser elaboradas de maneira conjunta e harmoniosa. Dessa forma, parece possível que urbanistas, técnicos em transportes, em trânsito e legisladores, apliquem o conceito na administração pública e na revisão do Plano Diretor Estratégico, de modo a diminuir o número de deslocamentos, proporcionando ao munícipe o acesso amplo e democrático ao espaço urbano. Por último, a mobilidade urbana não pode prescindir de uma política que desestimule o uso de veículos particulares e a que qualifique cada vez mais o transporte coletivo o que passa, obviamente, pela ampliação do sistema, pelo conforto e renovação permanente das frotas. “

Antonio Goulart

Dentro do conceito da mobilidade urbana existem varias frentes onde é possível atuar para modificar e transformar o espaço urbano. Este espaço (que é publico) deve ser pensado para as pessoas. Fazendo com que a cidade fique mais humana e menos motorizada utilizando o novo conceito chamado de “ruas completas”. É preciso uma revisão de valores para quebrarmos o paradigma de que o carro é a melhor maneira de se locomover. A cidade é o fruto das decisões do passado e  muitas cidades em todo o mundo já chegaram ao seu limite dando espaço ao transporte individual (automóvel) e foram obrigadas a retroceder (inteligentemente) por perceberem os erros cometidos no passado. Curitiba esta perigosamente nesta mesma rota, se transformando de cidade ecológica para a cidade do automóvel, com o impressionante numero 0,72 carro por habitante, ou seja, são dois automóveis para cada três habitantes e a média nacional é 0,35 carro/habitante . Em 2010, somente no Brasil mais de quarenta mil pessoas tiveram suas vidas tiradas em “acidentes” de trânsito. É o mesmo que 188 Boeings 737 caíssem sem NENHUM sobrevivente. E tem gente que tem medo de avião, mas não tem medo de automóvel. Sem contar os custos com feridos no sucateado sistema de saúde e os seguros pagos (DPVAT) as vitimas. O sonho Nº 1 do brasileiro não é mais comprar a casa a própria e sim possuir um automóvel e isso fica claro com as pesquisas que alertam que o brasileiro gasta mais com carro e combustível do que com educação dos filhos. Mas os vilões não são os automóveis! O carro é uma boa invenção, desde que usado sem excessos. Vale lembrar que, possuir um automóvel, é diferente de usar um automóvel. Para usar o automóvel é necessário o espaço publico que é destinado ao uso de todos, prioritariamente para pedestres, ciclistas, transporte coletivo e por ultimo carros e motos. Este espaço precisa ser dividido de maneira socialmente justa, tendo em vista que apenas 30% dos deslocamentos são feitos com automóveis, mas que ocupam 80% das vias e os 20% restantes dividido entre os outros modais. É pura matemática e os números não batem. Alias batem sim, batem recordes de arrecadação. Temos uma frota de 25 milhões de automóveis no Brasil, que arrecada 42 bilhões por ano, e em contra partida gera 30 bilhões de prejuízo de horas não trabalhadas devido aos congestionamentos, e as previsões não são nada otimistas. A queima de combustíveis fósseis está muito alem do que o planeta pode suportar, e a lista dos efeitos negativos causados pelo uso excessivo do automóvel não para de crescer. Em linguagem bem popular é um enorme tiro no pé.
Precisamos usar o automóvel com mais consciência. É necessário despir-se de qualquer vaidade, status ou qualquer outro motivo que cause tamanha dependência do automóvel.

É chegado o momento de provarmos para nós Humanos que somos realmente racionais e civilizados, tendo atitudes condizentes com o discurso que fazemos para as crianças que nos têm como exemplo. Não basta falar, é preciso fazer com as próprias mãos sem transferir para ninguém. Se cada um fizer a sua parte é possível reverter este quadro. Com pequenas mudanças de comportamento como a simplicidade de revezar os carros com um colega de trabalho, ou revezar com a vizinha pra levar as crianças no colégio. Diminuiria quase pela metade a quantidade de veículos nas ruas, por consequência menos trânsito, menor tempo de deslocamento, menos poluição e melhor qualidade de vida. É simples, mas precisa ser posta em pratica para que funcione.

E isso depende exclusivamente das pessoas. E é ai que esta o grande desafio. Convencer as pessoas a mudarem de atitude, que mesmo sabendo que a mudança é para o seu próprio bem, existe uma resistência que nem Freud explica. Sendo assim se faz necessária a intervenção do poder publico para educar e modificar conceitos dos seus cidadãos. Encorajando-os a usarem o transporte coletivo oferecendo um serviço de qualidade e baixo custo. Incentivar transportes alternativos oferecendo infraestrutura adequada para o uso da bicicleta. E principalmente calçadas de qualidade com 100% de prioridade para o pedestre sem esquecer-se da acessibilidade de verdade. Em muitos casos é possivel causar uma grande mudança, simplesmente utilizando melhor a verba para publicidade, que ao invés de ser usada para conscientizar melhor os cidadãos, é utilizada para promover a imagem pessoal dos políticos. Mas isso já um outro departamento.

Danilo Herek

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